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A Praça da Paz, localizada no campus de Barão Geraldo, acaba de ganhar uma nova moradora: uma muda de sumaúma foi plantada no centro da praça na última quarta-feira (24). A árvore é uma das maiores presentes na Floresta Amazônica – podendo chegar a 60 metros de altura e de diâmetro e a viver por centenas de anos – e tem grande simbolismo para povos indígenas. Na Universidade, o plantio integra a programação da VI Semana LixoZero e representa um marco da participação da Unicamp no fortalecimento das universidades na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que ocorrerá em novembro em Belém do Pará.

Juan Lelis, aluno de graduação do curso de Engenharia Agrícola da Unicamp, oriundo do povo indígena Piratapuia e da cidade de São Gabriel da Cachoeira (Amazonas), participou do plantio da árvore, também conhecida como samaúma. Lelis explicou que a espécie é sagrada para vários povos amazônicos, sendo conhecida como “árvore-mãe” e como abrigo espiritual e físico. “Ela é essencial para a convivência do habitat natural, da floresta e dos povos. Serve como barreira natural e, principalmente, como fonte de vida.” Além disso, desde sua madeira até suas folhas e sementes são aproveitadas. O aluno, que integra o projeto Igarapé, falou também sobre o uso da paina – uma pluma sedosa que envolve as sementes das árvores – como enchimento de colchões e travesseiros.

Para os povos amazônicos, as raízes grandes e expostas, chamadas sapopemas, atuam como um meio de comunicação, pois produzem sons quando tocadas. “Colocá-la aqui na Praça da Paz, que fica entre a área de ciência e de ensino da Unicamp e a área administrativa, também tem esse viés: de aproximarmos essa comunicação. Para que tudo aquilo que já fazemos em termos de sustentabilidade, na pesquisa e no ensino, repercuta mais rapidamente na administração da Universidade”, afirmou a professora da Faculdade de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo (Fecfau) Emília Rutkwoski, que promoveu a iniciativa do plantio.

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A árvore é uma das maiores presentes na Floresta Amazônica, podendo chegar a 60 metros de altura e a viver por centenas de anos

Exemplo de cooperação na natureza

A muda, de cerca de 50 centímetros, foi doada pelo engenheiro agrônomo José Carlos Perdigão, da Associação de Proteção Ambiental Jaguatibaia, cujo viveiro está localizado dentro da Embrapa Meio Ambiente em Jaguariúna. A organização é parceira da Unicamp e recebe visitas de alunos de uma disciplina ministrada por Rutkwoski. De crescimento rápido, a sumaúma pode atingir até seis metros de altura aos dois anos de idade, a depender do ambiente em que está inserida.

Segundo Perdigão, a árvore tem características muito importantes. “Pela sua raiz profunda, ela coleta água [do chão] e a armazena em seu tronco e raízes. Nas épocas de seca, ela é capaz de disponibilizar essa água, pelas raízes, para todas as plantas no seu entorno. Isso é uma referência importantíssima para nós: a percepção de que existe, na floresta, uma relação de cooperação entre os seres vivos e não de competição.”

Na Universidade, a sumaúma marca o momento em que a Unicamp se fortalece institucionalmente na COP30. “É a primeira vez que as universidades conseguiram uma representação intensa em uma das COPs. Teremos o Pavilhão das Universidades, que ficará na Zona Azul, uma zona importante nas negociações. É um momento de celebrarmos o protagonismo das universidades e colocarmos a ciência no centro da discussão sobre a emergência climática”, disse Thalita Dalbelo, coordenadora da área de Sustentabilidade ligada à Diretoria Executiva de Planejamento Integrado (Depi).

No sentido horário, Juan Lelis (estudante Feagri), Thalita Dalbelo (Depi), o engenheiro agrônomo José Carlos Perdigão e a professora da Fecfau Emília Rutkwoski
No sentido horário, Juan Lelis (estudante Feagri), Thalita Dalbelo (Depi), o engenheiro agrônomo José Carlos Perdigão e a professora da Fecfau Emília Rutkwoski

Árvores no campus

A Unicamp tem a meta de plantar 100 novas árvores por ano no campus, informou Maria Gineusa Souza, coordenadora da Divisão de Meio Ambiente da Prefeitura do Campus. Neste ano, já foram realizados cerca de 80 plantios. “Isso é muito importante. Um dia, nós vamos passar, e as árvores vão ficar.”

A coordenadora enfatizou que o plantio da sumaúma foi feito em um local espaçoso, permitindo seu crescimento. “Esperamos que ela se desenvolva bem aqui, porque o clima é totalmente diferente da Amazônia.” Souza lembrou que, recentemente, o entorno da muda também recebeu novas árvores frutíferas, que oferecerão sombra e frutos à comunidade universitária.

VI Semana LixoZero

Dalbelo esclarece que a proposta da Semana LixoZero, realizada entre os dias 22 e 26 de setembro de 2025, é alertar e sensibilizar a comunidade acadêmica para a necessidade da redução do consumo e para as possibilidades de reaproveitamento dos resíduos gerados na Universidade.

A programação da semana abrange oficinas de fotografia, de reaproveitamento de alimentos e intervenções artísticas. “Uma delas, que está no saguão do Ciclo Básico, consiste em uma escultura feita de copos plásticos coletados durante as refeições do Restaurante Universitário (RU) — vale também para alertar a comunidade sobre esse desperdício, uma vez que os alunos recebem canecas durante a Calourada e não as levam nas suas refeições.”

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